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Corais

Sonhei que eu nadava no mar sem medo de onde iria chegar. E nadava, nadava, nadava até ouvir o barulho das gaivotas e esquecer o som da praia. Nadava de costas, sentindo o sol no meu peito e barriga. Tudo era azul, em cima e embaixo. Tudo era sol e luz.  De repente havia uns macacos pretos comigo, não sei bem de onde eles surgiram. Eram engraçados e peludos. Uma hora pareciam grandes, maiores do que eu, outra hora pareciam pequenos e travessos. Nadávamos juntos e em sincronia, parecíamos bailarinas marítimas. Chegamos em alguns corais e paramos para fazer cocô. Cagávamos com força e satisfação. Ninguém nos via. Eramos todos selvagens. Os macacos pulavam comigo, ríamos, até que eles sumiam e eu andava sozinha pelos corais pensando que o dia não fosse acabar. Uma hora eu parava e respirava fundo e pensava com orgulho de mim mesma, por ter nadado tanto sem medo da imensidão e do mistério do mar.  Alguém me dizia através do vento que corria entre meus cabelos que eu deveria nadar

Paraíso

Os corpos conversavam, não há como negar isso. Gostavam quando sentiam as almas conectadas uma com a outra. Havia algo de particular muito bonito em uma fazer a outra rir, e a outra esconder o rosto envergonhada por alguma coisa que ela foi descoberta, que a outra reparou demais sobre ela, a deixando nua... mais do que físicamente, mais do que corporal, tecido e material. As vezes extrapolavam. Queriam-se nuas em todas as reações. Como se tivessem que viver todas nessa paixão, pra que não houvesse mais nenhuma pra viver com outras pessoas. Uma era mais obsessiva do que a outra. As duas queriam retirar todas as vestimentas entre si. Também havia as vestimentas de emoções que pareciam ser desafiantes para as duas. Tinham medo de ser invasivas, outrora queriam explorar mais e mais. É preciso conquistar a outra pessoa pra que ela queira estar nua e maluca uma com a outra. A boca de uma delas guardava o prazer total e a sete chaves da outra. O olhar de uma delas também era um grande e

Remetente

Precisava gostar um pouco mais de mim. Já gostei tanto deles, já gostei demais dos outros... Não sobrou muito pra mim, mas eu hei de ir atrás de mim.  Talvez, pudesse começar jurando amor, sem ter muito, até ter bastante pra mim.  Já senti saudades demais sabe, já quis estar perto, perguntar como vão as coisas, eu me esforçava e movimentava tanto... algumas pessoas eram mais do que eu pra mim.  Minhas lembranças, meu conforto, minha inveja branca, meus desejos secretos, minhas fantasias perfeitas. Já é hora de descansar e me lembrar mais de mim? Sinto que estou longe. Muito longe. Não tenho meu endereço direito há tantos anos.  Eu tive que ir embora demais, eu fui esquecida demais. Talvez não seja culpa de ninguém, não terem sentido muito minha falta. Mas eu sinto minha falta agora. Onde foi que eu fiquei da última vez que me amei? Onde foi que eu fiquei quando me descuidei?  Precisava aprender rápido a gostar mais de mim com esses defeitos que ninguém gosta, que ninguém