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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Medo de mim

Tenho medo de quem sou quando amo. Perder o controle é um caminho desconhecido. Mas o que é o amor se não uma dádiva que se lança sem saber quando volta inteira? 
Tenho medo de te machucar... Quantos erros eu já cometi? Ganhar no controle, ir pelo caminho mais previsível a ferro e fogo... Mas o que é o desejo se não uma entrega sem saber em qual endereço vai parar? 
Tenho medo de mim, medo de ti, medo de tudo se estabanar. Medo dos meus inimigos terem razão. Medo de nos perdermos pelo caminho para sempre e nunca mais nos dirigirmos a palavra. Medo do poder e dos jogos. Medo de perder o brilho dos olhos e viver aquela inquietude na alma. Tenho medo sabe? De escutar uma música um dia e lembrar de ti aos prantos. Da alegria nunca mais voltar. Do sono chegar e eu acordar. De seres mais um amor desses que veio e se foi. De seres mais uma que fica apenas dentro da minha lembrança. De eu querer comprar uma máquina do esquecimento outra vez e ela não existir no mercado. Medo do barulho do teu choro, do teu carinho infinito, da tua compreensão sub-humana... Um dia tu cansa, um dia tu parte, um dia serei eu sozinha. O abandono me visita pela janela e pelas frestas da porta. Tenho medo de que ele não demore a me visitar. Ri do meu medo, ri do meu desespero. O abandono me conhece, me adoece, quer montar em cima de mim. Sabe onde eu moro, quando namoro, e se eu demoro a me vestir. Ter coragem devia ser mais fácil, mais rápido, mais confortável. Onde se compra um futuro melhor? Como nascemos pra ser feliz? Onde se perdoa com agilidade? Quando conviver será apenas uma etapa? Tu vai aguentando e eu destruindo. Por que não aprendi a construir? Tu vai lamentando e eu desmanchando tudo. Por que não aproveito para ser feliz? Com amor e medo te escrevo. Quanto vale o nosso sossego?

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