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Labirinto deles

Por um triz e eu acreditaria neles com seus mundinhos marcados por essas vidinhas medíocres com suas certezas sombrias e aqueles cabelos arrumados temendo a altura das risadas gemendo cinza, gemendo cinza embaixo da onde eles estão e te chamam sorrindo. e eu não saberia mais voltar, e eu não saberia mais falar, e eu não saberia como deixar... não teria mais gosto de nada e teria que fingir sentir e bater palmas com eles. depois seguraria as pontas, todas as pontas diárias que nos são dadas de presente, e seria quadrada e bem paralelepípeda como eles. Quando sentir isso, diz logo! Desse tamanhozinho eu não caibo. Desse tamanhozinho eu não fico direito Desse tamanhozinho vocês sentem menos medo? Por um triz é quase, é perto, é do lado, mas não é de fato. Sem perceber, cheguei, ainda bem, bem na hora... Se não, eu teria me perdido, por um triz com certeza eu teria me perdido por tempo indeterminado nesse triste labirinto deles.

MILENA

Quando eu li a voz do monstro no site, não vi mais a vítima, não vi mais a mulher, não senti mais as facadas no meu rosto, não me vi no espelho sem dentes, não imaginei como é não poder escolher mais as cores do batom. Quando vi a voz do monstro no jornal, não vi mais a propriedade, não vi mais a minha irmã, não vi mais a minha amiga, não vi mais a próxima beijoqueira que gosta de sair a noite, de se divertir, iludida na liberdade de ser, poder, ir e vir... Quando vi a voz do monstro na notícia, eu até gostava muito dela, eu até chorei, eu até fechava os olhos e pensava nela, mas desculpas, perdão, deus, e iluminação para a família...porque agora é a vez do monstro. Coitado do monstro.
A sensação é de que logo agora que eu entendi como as coisas realmente funcionam, eu não tenho mais a confusão daqueles dias. Eu queria estar dançando com todos eles. Mas naquela época em que eu dançava eu não entendia como as coisas funcionavam, eu vivia confusa demais. Eu perdi. Eu já sei e perdi. E no momento que encontrei as respostas em meio a tudo tão chato e horrível, eu agora me prefiro daquele jeito, confusa, quebrada, ingênua... Qual o sentido de ter as respostas?! Para onde foi todo mundo que sorria? Somos tão conformados agora... Onde estamos? Por que nos encontramos? Por que não dividimos mais a cerveja e estamos sempre tão sozinhos em nossas próprias casas? Por que deixamos de ser espertalhões? Eu podia ser um máximo a tão pouco tempo... eu não sou. O que eu nunca imaginei temer, se tornou realidade... Fiquei quadrada como os idiotas. Branco e preto que quando me misturo, só consigo ser cinza, cinza e quadrada como todos os idiotas que agora preciso conviver. Não tem cor
O rio me disse pra acordar de um sono que não me faz sonhar mais. Disse que meu amor não é fácil de afogar. Que sou tempestade, que sou terra e água corrente. O rio me contou segredos que eu já sabia mas não era capaz de compreender. Me contou coisas sobre o passado que fazem o presente ser pura gratidão. Falou sobre partida e quantas e mais quantas chegadas após isso.  O rio silenciou.  O sol me queimou. Eu me confundo as vezes no tempo que estou. De repente, sinto o peso de um ano inteiro numa data só. Tenho medo das aves. De repente envelheço. Fecho um ciclo sem perceber. Cubro o desenho. Viro um capítulo. Me transformo, violenta como uma onda. Queria entender um pouco mais sobre me quebrar, me desmanchar, mas ainda é tão cedo...ainda é tarde...não sei que palavras usar. Sinto alívio constante, sinto medo também...não é fugir...não é fingir... as horas, eu me confundo as vezes no tempo que estou. Eu fiquei azul de repente. Já fui vermelho, já fui roxo e amarelo. Estou toda az
queria escrever sobre o que foi feito. escrever como era. como eu permiti e dizer que toda vez que tem estrada eu não passo, eu remonto lá atrás. queria escrever o que foi dito. escrever como eu escutei e entendi. como eu era antes e como eu fiquei com tudo que aprendi. mas toda vez que não tem estrada, eu passo com medo. Eu quero ser coragem pelo que já superei. mas ainda não sou isso. quero ser abraço, mas ainda não tenho braços. Ainda aqui, nessa altura do campeonato, ainda aqui não tenho braços. não me sinto correndo mais. não é mais sobre fugir. não me sinto parada, sofrendo, não é mais sobre fingir. não me sinto perdida, mas tenho pernas. nem tão pouco me sinto definida... eu virei partida, batida silenciosa no roer das unhas. eu não beijo, ainda que diga milhões de poemas de amor. eu não amo, eu não sou. Nos sonhos ainda estou voando. Ainda vou para um bairro atrás da casa que me dá medo. Ainda estou sendo perseguida. Ainda tem uma igreja arranha céu e nuvens. eu enxergo elas n

Minha selvageria

Cheguei a pensar por algum momento que vinha perdendo minha selvageria... mas isso não pode ser verdade. Não posso ser alma subtraída. Todos aqueles que eu toquei o coração de alguma forma, vem sendo capazes de relembrar minha voz e meus sorrisos...e me aquecem. No final das contas é apenas isso que importa. E traiçoeiro do mundo que nos faz esquecer disso. Esquecer o nosso melhor, esquecer aqueles que nos fizeram companhia, esquecer o que nos sequestra e entorpece por alguns minutos nos dias que precisam sair em ordem e darem certo no final. Esquecer é a maior tragédia que pode acontecer. Tem uma cobra preta em cima da minha cama agora. Uma cobra tão preta que brilha. Curiosamente sinto que deveria estar com medo dela, mas impressionada não consigo. Sonhei com ela. Era pra ter sido um pesadelo, um azar, como um gato preto que passa e deixa fumaça...mas, ela é minha. De alguma forma ela nada mais é do que minha agora. Passo a entender que estando na minha cama, é o maior sinal de intim

Segredos engraçados

Senti falta do que eu era anos atrás Momentos que me transformavam e eu não sentia Paixões que eram vivas Do meu peito voraz! Da fé...perturbada, triste, cheia de palpites... Ah, quando eu escrevia cartas! Senti falta... Dos meus papéis, inúmeros papéis que eram importantes ser guardados nas minhas gavetas, que eram importantes não interpretar que eram importantes e eu assinava sem ler o contrato Sinto que jamais poderei queimar todos numa lata de lixo, nem descobrir suas causas e funções. Sinto... em algum momento, o cabelo apenas pacientemente crescer também foi sagrado, massacrado, intolerante, massificado... A vida e eu tínhamos segredos engraçados, senti falta até como sinto dos pneus murchos da bicicleta que deixei naquela mudança. Quantas mudanças?! Meu deus... Inúmeras mudanças que fiz e fui me deixando em cada uma delas, e me substituindo por outras, por outras e mais outras...até me dar conta que ainda e sempre, todas nós, éramos eu. Hoje eu senti falta do qu

juntos

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Sinto falta de quando todos nós éramos diferentes mas tínhamos o mesmo objetivo. Ou mesmo quando ainda achávamos que o objetivo de todos era o mesmo. Por que eu estava ali? No começo era uma coisa, depois era outra, no fim era tristeza e percepção da realidade. Quando éramos jovens demais pra saber que o que estávamos fazendo era uma espécie de loucura coletiva, ah... como eu sinto falta daquilo! Quando achávamos que tínhamos tempo pra aquilo, quando organizávamos reuniões, encontros, quando deitávamos naquela grama e pegávamos aquele sol... Meus amigos! Por que mudamos tanto? Por que deixamos pra lá? Por que nos afastamos tanto, mesmo depois que tudo acabou?! Éramos incríveis juntos... Éramos amorosos, divertidos, entusiasmados, bêbados e caminhávamos a pé para qualquer lugar sem reclamar... Éramos vivos, avisados, interessados, e hoje em quadrados, pensamos coisas sombrias e esquecemos como éramos juntos. Tínhamos algo dentro do peito, e  juntos, diferentes, um motivo para contin

o plano

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Ontem que ela foi entender porque chorou no dia seguinte. Depois, só depois de ter que pedir pra ir embora pra casa, foi que ela percebeu que não foi tudo tão natural assim. Não foi tão romântico, não foi tão honesto da sua parte. Só ontem, de repente, depois de vários anos e conhecimentos que obteve com experiências que nunca tinha tido, foi que ela pode entender porque tinha motivos de ter ficado triste aquela época. Era sua passagem, sua travessia, seu capítulo e história. E não há quem responda se foi o mundo que a confundiu toda ou se foram as histórias das outras pessoas que interferiram em várias virgulas e pontos. Havia algo estranho pra ser engolido. Algo estranho na juventude, no amadurecimento das coisas, algo profano e algo altamente sagrado que lutavam pra saber quem era mais forte, mais duro, pra ficar cravado, pra gritar na rua, para abrir as portas do coração. Todas as vezes que essa parte precisa ser contada, algo incomoda... Por que não se sabe dizer que doeu? Do

De fora

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Entrei numa fantasia perigosa. Eu não sabia como iam ser as coisas. Num primeiro momento eu ainda tinha alguns referenciais de mim. Estava alegre, destemida, parecia que eu estava começando a entrar no eixo do inesperado, do que me surpreende, do que eu nem esperava mais. Mas eu não sabia que esses meses seriam tão intensos assim, não sabia também que eu poderia perder a cabeça, que eu aprenderia a lidar com tantas pessoas, que eu poderia por fim mostrar quem eu era. Eu era! Eu era sim. Mas também, tão ingênua e desprotegida de mim. Quem poderia me defender se não as pessoas que conquistei pelo caminho. De algumas coisas nem sequer me lembro, de outras me martirizo. O que poderia me abalar mais? Minha cabeça, meu deus minha cabeça entrou num frenesi. Mas os amigos que eu encontrava pareciam me conhecer de longas datas, eu me sentia finalmente especial naquele ambiente, ouvida, questionada, inteligente. Eu era liderada da forma que eu sonhava, e muito especial, como eu deveria me sen

O velho saliente

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T oda vez que passávamos por aquele rua, minha prima dizia "É aqui que ele mora, o velho saliente!", antes que eu olhasse, ela tampava meus olhos e dizia "Nunca olhe pra cá, ele pode ver que você viu!". Era uma casa muito próxima da casa do vovô. Diziam que ele morava sozinho e que tinha mexido na neta de 5 anos. "Mexido como?", eu perguntava sentindo pelo constrangimento da vovó, que era mexido de uma forma ruim. "Mexido Nanda!", minha prima dizia como quem não quisesse que minha vó contasse os detalhes. "Não passe nunca por essa rua sozinha, e se tiver que passar, passe bem longe, do outro lado, na outra calçada", vovó dizia. E então aquela rua passou a ser uma rua sombria para mim.  A noite, eu sonhava que passava por aquela rua e via um velho balançando numa cadeira. Não conseguia ver seu rosto, mas ele já sabia que eu estava olhando para sua casa, e sabia mais... sabia que eu sabia do seu segredo. Então, eu acordava com medo e p

O PACTO

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O PACTO Depois, ficou tudo tão esquisito... Eu nem te falei do meu pacto. Do meu pacto, com as borboletas. Faltou tanta coisa, Eu achava que teria tempo... Eu estava certa, Não teria era outra coisa. No começo, pareceu estar acontecendo por circunstâncias fora de mim. Forçado, doloroso, outras pessoas... Mas no meio, não era mais. Nunca foi. E no fim, eram elas! Todas elas, sem tortura, aqui dentro de mim. O pacto nunca foi traiçoeiro... Eu que não sabia que dava pra ser igual Tem um monte invisível aqui dentro! E apenas uma, real, aqui fora... A que chega voando e me dá um sinal! Um sinal de que tudo que tá aqui fora importa Um sinal de que tudo que tá aqui dentro cega, passa, transforma... Eu achava que existia tempo, Mudou tanta coisa, Transformou! Às vezes chego voando, dando sinal! Depois, ficou tudo normal... Inclusive meu pacto... Meu pacto esquisito com as borboletas. Poema: Fernanda de Alcantara ✒💭 (Montagem de desenhos aleatórios que gua

Maria dura no arreio

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"...e ntre as coisas bem vindas que já recebi eu reconheci minhas cores nela, então eu me vi...  (Nando Reis) " Por onde meu sangue corre, ainda não existe mulher mais forte que Maria. Sempre tão segura, heroína da própria história, peça rara que supera os obstáculos da vida. Minha eterna e graças a deus viva, vovó Maria. Mulher que faz toda a diferença, que não abaixa a cabeça, mulher que trabalha incansavelmente, mulher do fim do mundo! E juro que dez lanças afiadas são levantadas no ar, todas as vezes que escuto teu nome. Maria Batista. Cuidado interminável, comida quentinha, observadora de detalhes, firmeza, vontade... muita vontade de fazer as coisas! Minha vó, mulher de verdade! Que viaja até onde quem esteja, para erguer, aconselhar, escutar o choro. Menina que venceu a roça, menina que não deu certo na escola, porque alguém tinha que cuidar de todas as coisas, menina que quase perdeu o braço, menina que perdeu a mãe e prometeu a mesma  ser mãezinha

sem saber que eu era semente

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As coisas vão se encaixando de uma maneira que eu pareço natureza.  E natureza eu caminho, natureza eu falo, natureza eu não choro mais na chuva.  Eu fiquei maluca e agora que seco, brotam flores dos meus dois lados. Acordo com flores por todo meu colchão.  No chão do banheiro elas desabrocham,  no vaso eu despejo pétalas e mais pétalas,  e quando tomo banho fico verde... eu fiquei maluca,  qualquer um podia ver.  Saí, voltei, nada funcionava.  Havia ervas daninhas, muitas ervas daninhas que pela paixão do verão e o barulho daquela outra chuva que veio com a tempestade que parecia que nunca ia acabar, não pude ver.  Não vi, meu deus.  Não vi tudo que estava óbvio, tudo que foi arrancado de mim. Mexeram comigo!  Quebraram meus galhos na calada,  roubaram meus frutos,  subiram em cima de mim,  me desfolhearam...se é que essa palavra existe.  Parecia até que o fogo havia me cercado com um cheiro de queimado que estuprava minha respiração.  Uma chatea

O pé de manga que era o centro da casa.

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🍃 O jardim daqui de casa esconde histórias, uma delas é a do pé de manga que era o centro da casa. Anos atrás, ele ocupava um grande espaço. Eu menina, já sabia que era ele o dono da casa. Quando eu acordava ia para perto, e conversávamos muito sem abrir a boca. Seu formato por vezes me deixou confusa se ele vigiava ou aterrorizava a casa ao mesmo tempo. A noite eu sabia que fantasmas que não gosta vam de crianças, faziam grandes jantares lá dentro dele. Mas nunca perguntei, apenas evitava olhar. Tinha dias que ele estava calmo, balançando suas folhas como se estivesse me dando bom dia, perguntando como foi na escola, se eu não tinha coragem de pegar uma escada e subir para conversarmos mais perto do céu. Mas eu não tinha força para carregar a escada...Outros dias, tão calado e introspectivo, ele se fechava e queria ser apenas a árvore que os outros achavam que ele fosse. Eu perguntava qual era seu nome quase sempre no final das nossas conversas, mas ele só sorria e muda

porta de não abrir

ainda tem batidão no meu coração, ainda tem sonho, ainda tem plano, ainda tem contagem regressiva, isso não pode ser amor, mas eu ainda preciso de você. pensar você, imaginar você, me torturar. a memória guarda olhares misteriosos, a alma guarda os flashes, o inconsciente retoma temas, cenas, vontades que nunca puderam acontecer, esclarecendo o que era fantasia e realidade. o que é que fazia parte da realidade que não era minha e nem a tua? estávamos juntos e não estávamos ao mesmo tempo. quando você entrou por aquela sala pela primeira vez, foi do meu lado que você sentou. mas da ultima vez, ficou esquisito, frio, introspectivo, quis morrer. por que não te ajudei a procurar aquele pen drive? você não me disse nada na festa, me fez invisível... eu enchi a cara, dessa vez eu não estava mais feliz, no seu aniversário na boate, eu estava. eu estava de verdade. e queria você, falar seu nome, olhar nos seus olhos, beijar seu pescoço... dessa vez é o seu tempo, inerte... meu coração não pod

O cachorro louco

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O jardim daqui de casa esconde o segredo do cachorro louco. Talvez ninguém mais se lembre, eu era uma menina que ainda nem vestia a parte de cima e já dançava com o cão. Antes dele ir embora para sempre, rolamos muito nesse chão que agora habita acerolas e pássaros sanguinários. Amei muito mais o outro, o outro cachorro negro que encontrou o portão aberto e desapareceu. Eu não tinha sorte. Entendi, com a partida do animal que meu pai reconstruiu tudo, antes que chorasse. Apesar de que ele nunca chora. Vejo que muita vida entrou por cima da casa fantasma desse quintal que só sobrevive em álbuns velhos de fotografias esquecidas em cima do guarda roupa. Há uma nova realidade agora. O jardim daqui de casa esconde histórias... E uma delas a do cachorro louco.  (Parte I)  Mini-Conto✒e fotografia de Fernanda de Alcantara
Caminho transformando o jardim em pedras. As ervas daninhas vão ocupando um espaço. Ele vê e nada faz Ele não quer sua função Caminho sabendo que as flores tem espinho. Sangro um pouco, não como antes. Todo mundo está aflito Há uma guerra, não há paz. Não vamos chegar juntos Isso parece verdade Não vamos e alguns já entenderam suas peças Eu estava ramificada, Horizontes, Lados, Agora, curta, curtinha...
me enganei tudo mentira não dormi não disse não deu tempo me abraçaram sorriram pra mim agora eu me pergunto se não sorriram de mim que ilusão ninguém cuidou sumiu meu deus do céu apagou desviaram o caminho não avisaram desincutiram desincutiram desincutiram... meu tempo passou nunca mais agora nunca mais é tanto tempo eu pensei que... é tarde agora não dá mais