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Mostrando postagens de julho, 2012

Ninguém paga com a lingua

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"Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre." Albert Einstein Assim que entendi que existia, fui ficando cada dia mais perdida, e sem pensar fui enquadrando os lugares, as pessoas, situações e opiniões. Dei nome a todas as cores, cheirei algumas flores e onde não tinha mapas eu fui fazendo uma trilha para cada coisa e jeito, porque era demais pra mim saber que eu não sabia nada, era demais pra mim saber que pra quem quer que eu perguntasse, todo mundo do mundo também era desinformado e criador, como eu. E a minha busca pra não ser tão ignorante, parecia cada dia mais vazia, porque cada dia eu aprendia e desaprendia numa graça desnaturada que atrapalhava todo o meu percurso. E todas as regras que ia anotando e formulando de como as coisas podiam funcionar, ser e aparentar levavam há uma razão exata que lá na frente era desmerecida.  Por determinado tempo, algum...

Quando atingimos um nível de tristeza maior do que o saudável

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Um dia após o meu aniversário do ano passado, eu que nem gostava de assistir tv, liguei pra me distrair das turbulências e monstros que ocupavam minha cabeça e tive o desprazer de saber a notícia de que Amy Winehouse havia morrido. Eu não era fã de carteirinha da Amy, mas sempre me emocionava muito com seu timbre de voz, eu gostava do talento da moça,  era fã do seu cabelo anos 60, do delineador nos olhos, dos laços e todo seu estilo vintage, aquilo tudo que compunha a Amy, se não fosse o bad romance dela, e as drogas, poderiam ter sustentado até hoje uma grande personalidade e talento. Como a minha fase era meio pra baixo, achei que a morte da Amy só podia ser mais um jeito do universo me deixar ainda mais triste, e pensava: "Como é que tantas coisas ruins podiam estar acontecendo ao mesmo tempo, e até uma das minhas cantoras favoritas partir de presente de aniversário?" Eu estava com a alma mutilada, tive uma conversa com meu pai dentro de um carro, sobre a...

Vou morar no rio

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Quando eu era pequena, e chegávamos na beira de um rio, quando tudo ficava em silêncio eu dizia: "Ei vou embora, vou entrar no rio de roupa e tudo sem ter medo da areia sumir dos meus pés." e na minha imaginação eu ia indo embora sem saber até quando ou se voltaria, e entrava no rio de roupa e tudo deixando a cabeça por último, seguindo lentamente na certeza de que via o mundo pela última vez e a medida que a água tocava cada centimetro das minhas pernas, tudo que estivesse ao meu redor ia se despendido, e eu tinha certeza de que aquela era a última vez que eu sentiria aquelas cores, barulhos e habitat completamente seca.  A sensação de estar molhada passava a ser normal, debaixo da água eu me tocava e sentia que jamais estaria seca outra vez. Agora meu mundo era debaixo de água, sendo portanto estar seca um sinal de estranhamento. E a medida que a água vinha entorpecer meus buracos, quando eu já não lutava contra o ar, eu virava quase uma espécie de peixe, e minha visã...