Sem fim

Ele mal sabia que quando chegava daquele jeito, ela se aguentava pra não poder chorar. E a inércia acontecia. Paradas, as portas se enchiam de preguiça alertanto a casa toda, com seu barulho, de que o guarda roupa estava se abrindo. Ela, fechava a boca com as mãos rápido, antes que teimasse em abrir pra gritar um "não!". Mais uma vez, mais uma vez, "mais uma vez." Era pequena suficiente para estar no canto da porta sem que ele a visse, e se achava pequena demais também, para lhe dizer que a cada volta e saída dele na casa, do guarda-roupa se abrindo ao fechar das malas, ele levava pedaços dela que se perdiam e não voltavam mais. Chupando as pontas do cabelo, se controlava naquele canto triste da porta do quarto, e espiava a solidão dos vestidos floridos da mãe, que ficavam pendurados no cabide daquele espaço escuro, sem mais roupas tão azuis, do pai. Ele era... não dava, mesmo que fosse a mãe era sistemática demais. Os dois, nunca foram dois, e cada um tinha o po...