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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Sem fim

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Ele mal sabia que quando chegava daquele jeito, ela se aguentava  pra não poder chorar. E a inércia acontecia. Paradas, as portas se enchiam de preguiça alertanto a casa toda, com seu barulho, de que o guarda roupa estava se abrindo. Ela, fechava a boca com as mãos rápido, antes que teimasse em abrir pra gritar um "não!". Mais uma vez, mais uma vez, "mais uma vez." Era pequena suficiente para estar no canto da porta sem que ele a visse, e se achava pequena demais também, para lhe dizer que a cada volta e saída dele na casa,  do guarda-roupa se abrindo ao fechar das malas, ele levava pedaços dela que se perdiam e não voltavam mais. Chupando as pontas do cabelo, se controlava naquele canto triste da porta do quarto, e espiava a solidão dos vestidos floridos da mãe, que ficavam pendurados no cabide daquele espaço escuro, sem mais roupas tão azuis, do pai. Ele era... não dava,  mesmo que fosse a mãe era sistemática demais. Os dois, nunca foram dois, e cada um tinha o po...

O Caso peludo de Acácia

             Não concordava com a ideia de que estivessem lá apenas pra se expressar. E que ainda por cima fossem duas! Mas concordava que se expressavam bem, e concordava que se  tivesse apenas uma sobrancelha , ia ser esquisito. Desde então, deixou a mania de julgá-las em paz. E a menina Acácia cresceu bonita como a árvore do seu nome.               A noite, a jovem saia com o objetivo de sorrir. Percebeu que esse  era um caminho fácil de estar dentro dos olhos masculinos . Seu coração era sempre cor de rosa, alegre e d ivertido e seus olhos bem treinados (nem muito profundos, nem muito distantes) davam a forma de nunca se dar mal, e sempre funcionava. Desviá-los requeria um cuidado maior, por incrível que pareça , fica fácil destinguir inquilinos do instinto estranho de gostar de desprezo . E sinceramente? Não  era nada bom apreciar ou abu...

Caolha por opção

Abriu um olho só, o outro não abria por causa das lágrimas do dia anterior. Ontem, enquanto seus olhos decidiam se queriam chorar até não poder mais, ou se dormiam, o corpo cansado e o coração indeciso, decidiram que no dia seguinte os olhos acordariam inchados. No decorrer da noite, enquanto tentava sonhar, as lágrimas foram lentamente amarelando-se e transformando o líquido salgado em remelas, que conseguiu fazer com que os cílios de baixo finalmente descem descanso as réplicas dos cílios de cima, e como num beijo obcecado, os olhos grudaram. Talvez, tivesse um entupimento no buraco do olho esquerdo. Seria a única explicação para dois olhos chorosos pararem de chorar e apenas o olho direito acordar remelento e fechado.   Com aquele único olho aberto, já de manhã, viu um raio de sol infestando com calor suas pernas fora do cobertor. Lembrou que se esquecera de fechar a cortina antes de se jogar na cama aos prantos, e ao recordar do motivo do choro, fechou seu único olho enve...