A versão da comida na estória.
Não era nada fácil para ela convencer a si mesma que aquele bolo não estava na geladeira. Depois que o comeu, não o esquecia. Assistia TV pensando no gosto do bolo se desmanchando na língua . As pernas andavam à caminho do quarto mas a cabeça dizia "cozinha-bolo, cozinha-bolo". Sentou-se na cadeira da escrivaninha e começou a estudar sobre as ligações covalentes, polares e apolares entre outros carbonos. Conseguia resolver todas as equações, mas no fundo só pensava no bolo, o delicioso bolo, agora morto, desmanchado e estripado até a última vitamina boa ou ruim, pelo seu estômago. Ele nem existia. Pensava consigo. Eu que misturei tudo e o criei, ele cresceu e tem esse fim? Ser explorado até a última migalha? Destraiu-se com os carbonos novamente, mas logo a cosciência do bolo comido veio à tona. O coitado depois de explorado ainda é julgado apenas pelos seus pontos negativos se transformando em lixo. Em algo inútil. Em bosta.