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quarta-feira, 28 de junho de 2017

queria escrever sobre o que foi feito. escrever como era. como eu permiti e dizer que toda vez que tem estrada eu não passo, eu remonto lá atrás. queria escrever o que foi dito. escrever como eu escutei e entendi. como eu era antes e como eu fiquei com tudo que aprendi. mas toda vez que não tem estrada, eu passo com medo. Eu quero ser coragem pelo que já superei. mas ainda não sou isso. quero ser abraço, mas ainda não tenho braços. Ainda aqui, nessa altura do campeonato, ainda aqui não tenho braços. não me sinto correndo mais. não é mais sobre fugir. não me sinto parada, sofrendo, não é mais sobre fingir. não me sinto perdida, mas tenho pernas. nem tão pouco me sinto definida... eu virei partida, batida silenciosa no roer das unhas. eu não beijo, ainda que diga milhões de poemas de amor. eu não amo, eu não sou. Nos sonhos ainda estou voando. Ainda vou para um bairro atrás da casa que me dá medo. Ainda estou sendo perseguida. Ainda tem uma igreja arranha céu e nuvens. eu enxergo elas no telhado. não sei como estou em cima e embaixo ao mesmo tempo. tem uma pessoa que não pode me ver. sempre tem. Um ar de perigo pelas ruas. Quem é de fato você? Meu cabelo cresce, e junto com ele todas as minhas neuras. Quantas cabeças querem nas bandejas? não me elogiem agora, irei decepcionar. não vai sobrar pele. superdicas. ordem. manual. quero acordar em três segundos. quero ver as crianças guiando as vítimas. vou arrancar meus dedos. e continuarei tocando. um dia vou contar tudo. desamarrar a fumaça. aparecer. não vou sentir medo. vou ouvir todos os segredos. eles não me olham, e nem vão. tem muito ele por aqui. há uma marca na minha sombra. uma hora proteção outra hora condenada. 

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