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domingo, 19 de janeiro de 2014

eles levaram.

Eu levava uma pancada na cabeça e adormecia. Quando eu acordava, sabia que haviam levado minha carteira e meu celular, eu sabia, eu sabia. Eu levava uma pancada na cabeça e adormecia, mas eu tenho quase certeza de que eu estava em uma delegacia, era isso mesmo. Uma delegacia que parecia um galpão de uma grande construção, pois havia areia, ferro, e todas aquelas parafernálias de que aquilo tudo se tratava de uma construção. 
Eu estava de jaqueta preta, não fazia calor. Tinha descido pra perguntar alguma coisa, estava feliz, parecia que havia feito uma viagem com pessoas que eu amava muito e tinha aquela sensação de que essas mesmas pessoas que gostavam muito de mim estavam esperando eu voltar, porém eu levava uma pancada na cabeça, e angustiada adormecia sem que eu quisesse, e triste pensava em como aquelas pessoas estariam me esperando. Adormeci na marra e quase no chão, com medo de não voltar. 
Quando eu acordei, eu tentava avisar para alguns homens que ali passavam, mas eles não me ouviam ou era eu que com medo não conseguia me comunicar. Tudo parecia ser culpa minha. As pessoas que gostavam de mim e estavam esperando eu voltar foram embora para sempre, eu sabia, eu sabia. 
Eu não queria estar naquela galpão, mas não encontrava motivos pra sair de lá e numa escada azul escuro de ferro, mais tarde vi meus documentos e o dinheiro todo organizado e empilhado que estava na carteira roubada. Apenas a carteira não estava. "Eles levaram só a carteira?". 
Vi um arbusto atrás da escada e de súbito, fui lá procurar, o mato era escuro não dava pra nada encontrar. "Eles levaram realmente apenas a carteira, o conteúdo ficou."
Senti ardência nos ouvidos ao sair do arbusto, durante o desespero da ardência e saída do arbusto, muita gente apareceu dançando numa roda, uma moça me pediu calma, e que eu não soubesse de onde vinha a ardência, antes mesmo de eu dizer alguma coisa disse que ia fazer uma reza e tirou seu cinto e amarrou na minha testa e cabeça dizendo que estava fazendo uma oração. 
Ficamos rodando no meio da roda, tinha uma música, a ardência não parava, eu queria saber do que se tratava, ela dizia "tenha fé", e eu não conseguia ter, coloquei as mãos nos meus ouvidos e vi milhares de formigas de fogo na minha mão, eu tirava, eu tirava, ela continuava a falar "tenha fé". "Isso é formiga de fogo?!" eu me desesperava, rodando no meio da roda de pessoas desconhecidas, movimentando-se adestrada pelo cinto da moça calma e misteriosa que fazia orações na minha cabeça. "Isso é formiga de fogo sim querida." 
E confusa eu dançava, rodando adestrada pela cabeça, ouvindo aquela música, com medo da ardência, e meio tonta pela roda de fora, girava e girava e eu não tinha fé, eu não tinha. Eu não parava de tirar. 
  

3 comentários:

HG disse...

Isso foi um sonho, Fê? Pois pareceu tão estranho quanto. :3

Fernanda de Alcantara disse...

Foi, quem sabe uma vida passada...pq era eu, mas não era sabe? Rs bj

Unknown disse...

Legal.