MILENA
Quando eu li a voz do monstro no site, não vi mais a vítima, não vi mais a mulher, não senti mais as facadas no meu rosto, não me vi no espelho sem dentes, não imaginei como é não poder escolher mais as cores do batom. Quando vi a voz do monstro no jornal, não vi mais a propriedade, não vi mais a minha irmã, não vi mais a minha amiga, não vi mais a próxima beijoqueira que gosta de sair a noite, de se divertir, iludida na liberdade de ser, poder, ir e vir... Quando vi a voz do monstro na notícia, eu até gostava muito dela, eu até chorei, eu até fechava os olhos e pensava nela, mas desculpas, perdão, deus, e iluminação para a família...porque agora é a vez do monstro. Coitado do monstro.