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Mostrando postagens de dezembro, 2014

pra sempre clandestino

Q uase como uma menstruação inesperada, vem como um aborto repentino, cretino aborto espontâneo, forçado. Vem como um aborto que meu corpo joga pra fora, repugna e cospe.  Eu vomito, expulso alguns restos, retiro, não sei mais se é uma fuga, eu estava apenas correndo desde então, sempre pra bem longe, bem longe... e de longe mistérios, segredos, solidão daqueles planos invalidados, as nuvens do céu trazem meu próprio fantasma a despertar nos meus braços, óh minha menina que sangrava, óh minha menina confusa, óh minha menina bruta e condenada a dormir para sempre... tento  lembrá-la em meus braços em que tempo estamos, quantas horas se passaram desde lá, e como não tem mais razão para sentir tanto. Que triste, que triste, que triste eu sei melhor do que ninguém. Foi um tempo que passou devagar, arrastado, queimando toda a nossa pele,  foi um tempo em que o destino nos rasgou em mil verdades e mentiras que perfuraram meu corpo de uma vez, não me confunda com nosso medo, vo...

Meu refrigerante acabou.

A medida que fui percebendo que meu trabalho final ia terminando, um vazio imenso veio se aproximando de mim paralelamente a alegria missionária de estar concluindo os anos naquele lugar. Não podia preenchê-lo. O pior de tudo é que esse vazio eu realmente não podia preenchê-lo. Era um colonizador, arrogante e dominador desses incontroláveis da certeza de que talvez nunca mais me encontrarei com todas essas pessoas incríveis que conheci. Tem beleza peculiar, elas são lindas, diferentes e tão, ao mesmo tempo, iguais a mim, reunidas no mesmo local, com experiências parecidas, se conhecendo e tentando nos conhecer nas frustrações semelhantes, discussões e risadas confortáveis, pessoas com olhos de esperança, que entram no bloco, pintam o bloco, fotografam o bloco, dormem no bloco e também que vão pra trás do bloco sem medo de jogar conversa fora e liberdade pra dentro da cabeça. Eu queria que esse vazio fosse realmente embora mas não dá... é preciso aceitar o fim das coisas, para o clich...