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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Meu refrigerante acabou.

A medida que fui percebendo que meu trabalho final ia terminando, um vazio imenso veio se aproximando de mim paralelamente a alegria missionária de estar concluindo os anos naquele lugar. Não podia preenchê-lo. O pior de tudo é que esse vazio eu realmente não podia preenchê-lo. Era um colonizador, arrogante e dominador desses incontroláveis da certeza de que talvez nunca mais me encontrarei com todas essas pessoas incríveis que conheci. Tem beleza peculiar, elas são lindas, diferentes e tão, ao mesmo tempo, iguais a mim, reunidas no mesmo local, com experiências parecidas, se conhecendo e tentando nos conhecer nas frustrações semelhantes, discussões e risadas confortáveis, pessoas com olhos de esperança, que entram no bloco, pintam o bloco, fotografam o bloco, dormem no bloco e também que vão pra trás do bloco sem medo de jogar conversa fora e liberdade pra dentro da cabeça. Eu queria que esse vazio fosse realmente embora mas não dá... é preciso aceitar o fim das coisas, para o clichê de novos começos. As vezes eu tenho raiva da vida. Parece que quando tudo vai bem, caminha ao lado o fim. Quando o clímax se aproxima, caminha ao lado o fim. Quando tanto pensamos que estamos a nos desvendar, e encontramos as pessoas certas! Caminha ao lado o fim da certeza... E guardarei fotos, lembranças, risadas, caronas, mas nada será páreo para a felicidade que terei de ter vivido perto desse universo, de reencontrar alguns novamente ou me perguntar por outros para todo o sempre sobre o que será que virou, sobre se ainda mantém um brilho no olhar.  
Eu torcia, sabe. Entre os recreios da escola, com meus tênis de menina e vontade, muita vontade de ter amiguinhos unidos ou como aquelas que eu via na tv. Mas infelizmente, minhas amizades na escola foram sempre desastrosas... enquanto uma maioria vê pureza e sinceridade numa dessas amizades de infância, eis que eu descubro amizades mesmo é no período da universidade, fora da minha terra natal, eis que eu descubro que era pra eu estar ali, me conhecer ali, ser admirada ali, com toda aquela gente, com toda aquela chance de dessa vez poder escolher quem realmente valesse a pena de se relacionar pra que eu crescesse e aprendesse algo que florescesse, ao mesmo tempo, além e completamente dentro de mim. 
Agora, é um passo solitário novamente... a distância meus amigos. a distância vem dizer que triste... parceiros, que chato... meus confidentes, até quando? Meus aliados de loucuras, estou pra sempre querendo lembrá-las de como cometemos e todos os nossos beijos, meus jovens, nossos abraços, risadas, os avisos e os bares, os avisos e os lares, os puxões de orelha, nossos corações costurados, nossos conselhos, as piadas, subverter, subverter! Vamos lembrar de tudo de bicicleta! E todos os significados dos nossos signos, dos cabelos, das barbas, das tatuagens... a cantina se fecha, não vou comparecer aquela festa, meus amigos...que triste...o meu refrigerante acabou.  

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