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Mostrando postagens de agosto, 2010

Memória faminta.

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Eu lembrei que possuia um chão vermelho que soltava tinta, sinal de que o consultório era barato. As poltronas com estampas de pele de zebra me deram uma má impressão da credibilidade do doutor, é que pareceu chimfrim, papagaiado demais, sem contar que as paredes eram de um amarelo muito sem educação para os olhos. Havia uma mulher, não esqueço nunca, estava esperando. Era muito magra por sinal, aposto que não comia, talvez sofresse de anorexia, quem sabe de amor...sei que alguma coisa em sua vida cheirava fome.

Três da tarde.

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Evitando maiores ou menores julgamentos sobre qualquer assunto, nem sei se foi percebido, mas subestimar com o passar do tempo, tornou-se um vício devastador. Acabou que ela nunca ia entender, aceitar, concordar, nunca ia gostar, saber, ser capaz, nunca ia chamar, pensar, e então ela nunca. Houve um tempo que se telefonavam e perdiam horas enrolando o fio do telefone, alguém tinha que interferir para não ficar caro. Agora paira no ar a pergunta: "Que tanto de assunto era aquele e para onde foi tanta gargalhada?". Se a imaginação de uma delas estiver certa, todas aquelas risadas puras terão sido recortadas e espalhadas para pessoas que precisem de sobra. Comparavam o zelo das apostilas e letras, uma delas suplicava que a outra a ensinasse a desenhar mais bonito e cantava sempre fora do ritmo ou mostrava, receosa, uma letra de música que achava inteligente, dizia: “Não é brega, tu vai gostar”. Tinha o jeito de amarrar os tênis no inter-classe também , dava a sensação de que es...