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domingo, 11 de dezembro de 2016

o paraíso me pertence

Desapaixonei. Agora sim. Agora eu posso respirar. Agora eu posso recomeçar da onde eu havia parado. Agora eu posso seguir em frente de verdade. Sinto o cheiro do campo, escuto a música novamente, estou livre, ah... estou livre outra vez, nada mais pode me impedir de ser feliz. Minha existência é real, é rio, é grande. Meu mundo nunca mais cairá dessa maneira. Eu estou poderosa de novo, eu me transformo em um gato, eu me transformo em mulher, eu pulo, eu caio de quatro. Eu não posso mais morrer. Cada salto que eu dou são quilômetros de distância que me carregam sem quem eu possa medir a dimensão, sempre para a frente. Bem a frente do que eu possa enxergar. É excitante quando saio da terra, quando tento fazer giros no ar, quando percebo que é bem mais forte do que eu. Eu estou sendo carregada por uma força descomunal. Para frente. A coragem me abraça e me segura. Eu gostaria muito que isso tivesse um nome. Quando eu durmo, meus dentes não estão mais caindo nos meus sonhos. Estou realmente em pé. São novos tempos e o medo agora é meu amigo. Passa por mim como o vento, balançando meus cabelos, assobiando nos meus ouvidos, ventilando minha carne e fazendo o que faz de melhor. Uma prece, um alerta, mostrar meus limites. Eu estou coberta de trevos, a realidade está coberta de razão. Meu amor era fogo querido. Minha fantasia a minha sobrevivência. Mas eu não havia perguntado nada. Não importa mais por qual razão eu deixava com que você me arrastasse. Tão punida, tua indiferença deixou tudo mais do que claro... Fiquei obcecada por semanas... mas os dias teriam sido bem melhores nas minhas ilusões genuínas. Mas agora tudo se transforma e vira pó, e a verdade vem a tona. Sempre correndo sozinha no paraíso particular daqueles olhares, do desejo que rondava as paredes, os corredores, a pequena sala em que fui trancada, meu nome, as brincadeiras, e o rabo de todos os olhares que guardei. Isso foi real. Isso ninguém pode apagar. Que parte eu não fui capaz de entender? Nunca super, sempre eu. Do inicio ao fim. É assim que as coisas deveriam realmente ser. É assim que as coisas realmente serão. Vejo minhas coisas favoritas todas de volta. Já posso ver meus sorrisos todos de volta numa estante colorida. O paraíso me pertence, eu sempre soube. O paraíso sempre me pertenceu. Eu estou correndo dessa vez sem fugir. Eu já fiquei muito tempo presa aqui. Agora sim! Com os pincéis na mão pinto um caminho, risco as paredes, me direciono, eu estou indo... dessa vez não posso mais me enganar. A verdade, a verdade é tão dolorosa. Mas acima de tudo é a verdade... acima de tudo são as flores que devo colher para meus vasos, para cheirar, para plantar. Agora sim... 

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