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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Vou persegui-los e 1988 nunca mais será o mesmo.

Do plano, acordei querendo viver.
Na terra, outra vez... já pressentia o cheiro de uma grande aventura.
Como seria meus pés estarem no chão, na terra outra vez...
Prometi a mim mesma que só aceitaria perdoá-los e amá-los, se possível fosse reencontra-lá, se pudesse ser tudo de novo, de novo com ela.
Todo seu amor outra vez, seu amor de entranhas, seu amor quente e infinito.
Eu renuncio! Grito e negocio nas gambiarras mais celestiais que os nossos sangues circulem por favor e pela última vez, juntos.
Juntas, uma dentro da outra como uma única vida, como era o sentimento de todas aquelas vidas, como num contrato de despedida de que essa saudade toda acabe e transcenda de uma vez por todas.
Os anjos sorriram, os anjos acabam sempre sorrindo no final de todo esse melodrama.
Sorriem de todos que estão desesperados de amor, saudade, missão...de todos que já sabem que é apenas com a liberdade que se supera a dor e se entrega de uma vez por todas ao verdadeiro e infinito amor.
E da imensa solidão acomodada, eu renuncio!
Do plano, eu acordei querendo viver!
Como pode o amor ser tão revolucionário e perigoso?
De repente uma coragem imensa invade todas as minhas vidas e cansaço, e eu só quero voltar a este planeta pra me sentir amada mais uma vez...
num pulo azul,
sentimento roxo,
brisa rosa,
e um gole de cerveja,
lá estava você e lá estava ele, e lá estava o Maurício's Bar.
Um brilho enorme nos meus olhos,
quanta emoção reencontrá-los,
que desafio misterioso é esse que vocês não podem ainda me ver?
Vou persegui-los e 1988 nunca mais será o mesmo.
Quero estar com ele,
quero estar com ela,
quero ser humana.
Carne, pele, sangue, pêlo, cabelo, cabelo...
De all star e camiseta amarrotada, serás meu pai e chamado na direção da faculdade pedirão para parar de rebeldia quantas vezes for, até que minha mãe sempre de olho em seus passos, um belo dia apaixonasse por ti e...
lá estava você, lá estava eu, lá estava o Maurício's Bar.
E ai vem os sindicatos, os jornais, as poesias, os nossos livros, alguns irmãos, mas antes me mostrem pelo menos até tenra idade qualquer tipo de cultura para que o conhecimento e desconhecimento me guie, quero ser irrecuperável para o mundo.
Quero ser irrecuperável num pulo azul,
sentimento roxo,
brisa rosa,
e sem gole de cerveja,
lá está você meu pai, com uma esquerda festiva descontagiante...
num tempo que não o reconheço mais.
Quem passou suas camisas?
Onde está seu par de tênis?
Por que o Maurício fechou o bar e foi direto pra igreja?
Por que ela tão quente e infinita agora parece sempre aflita?
A pós modernidade transfigura vocês,
transfigura o romântico início, e o fim...o fim pode ser plenamente meu.
1988 nunca mais será o mesmo...
Eu sinto tanto, não posso mais ficar.
Novos bares, novas energias embaraçadas...
Descomprometo! Só aceitaria perdoá-los e amá-los se pudesse reencontrá-la...
contudo, na verdade eu preciso mesmo é me des-perseguir de todos nós e ser irrecuperável para o mundo.





(Baseado na história de amor dos meus pais.)

2 comentários:

Elisa disse...

Que lindo, Nanda! Cá estamos nós na pós-modernidade e "ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais"!
bjs
te amo

blog do gallo disse...

Menos goles de cervejas e menos esquerdas, mais "centrado" e frio. MAs carrego uma poção mágica dentro de mim, que só pode ser acionada no tempo certo e na hora certa...
E esta poção tem tanta admiração e amor por você... que ninguem pode mensurá-la... e todo essa verve que habitava meu ser está correndo e escorrendo pelos seus textos; E aí eu me sinto mais vivo do que nunca. Obrigado!