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Mostrando postagens de junho, 2018

Destino interno

Ela me espiava e eu sabia disso mesmo dormindo. É porque ela sou eu. Mesmo me dando a impressão de que éramos duas pessoas diferentes. Ela me dizia coisas sobre ser triste e toda aquela vida que eu estava levando, enquanto eu vivia aquela mesma vida presa pela descoberta do estranho prazer e de tentar ser quadrada. Eu mentia, mentia que não fazia ideia e nem me preocupava sobre o amanhã. Ela sabia que não era verdade e mesmo assim, dormindo ou acordada, sabíamos também que aquela vida ia melhorar um dia e eu estaria tão livre, feliz e organizada que saberia exatamente como seria meus amanhãs, e onde eu queria estar. Era sempre assim. O que me dava constante impressão de que eu não estava sozinha, de que eu era meu próprio guia e carrasco. Mais que uma só! Éramos também, minutos depois de todas as vezes que eu recebia aquelas declarações de amor, faísca. Eu bem sabia, mesmo gostando de receber elogios e declarações, que não gostava totalmente, por entender que de mim não podia ser jama...

O salto

Se eu não tivesse me jogado no lago aquele dia, talvez as coisas teriam melhorado. Quem sabe eu não teria conversado com as pessoas certas, encontrado alguém por acaso que me faria querer continuar ou mesma a ideia genial teria aparecido. Enquanto humanos, enquanto seres, enquanto sonhos... aquele eterno encontrar. Ah, como sinto falta daquela esperança daquela ideia que muda para sempre o rumo de nossas vidas... estou viva, mas não há mais esperança. Quem é que sabe se ela não teria aparecido as dezoito ou duas horas depois de eu ter me jogado descalça, sem choro, aviso e nem reza? Quem sabe se essa ideia iria aparecer pela manhã e desmanchar tudo para que eu recomeçasse? Mas nem todo mundo consegue esperar, ele me diz quando aparece. Ele fica sumido a maioria do tempo. E quando estou muito perdida, as vezes se suplico ele aparece. Eu faço realmente parte desse grupo, eu lhe digo rebelde. Do grupo dos que desistem, do grupo dos que não encontraram soluções, dos que não vão v...

divã

Guardas segredos através de fantasias? Brincadeiras? E convencimentos baratos...? No fundo sabes  como funciona algumas coisas, mas precisa fingir? Use mesmo toda a criatividade como escudo, como espada, como remédio. É preciso fantasiar. Eu preciso. Algumas vezes o tempo todo. Difícil é quando se está triste a ponto de precisar fantasiar muito...e tudo se mistura... Não se faz muita ideia sobre o que foi inventado e o que é real... mas há salvação para nós, os tolos. Tu se pergunta, quantas vezes é capaz de se auto enganar? E da onde tiras que o que cria sobre si mesmo não pode ser real? Sentes constantemente que o caminho é perigoso demais, mas que saber disso já te deixa um pouco mais a salvo? Sem o medo, o que seria da coragem? Mas é preciso admitir que não viver a realidade também é perigoso. Fantasiar é antes de misturar, separar também. Separar para que a loucura saiba seu lugar, para que ela saiba seus horários de visita, seus horários de tomar um chá. A porra do ...