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Mostrando postagens de abril, 2017

Minha selvageria

Cheguei a pensar por algum momento que vinha perdendo minha selvageria... mas isso não pode ser verdade. Não posso ser alma subtraída. Todos aqueles que eu toquei o coração de alguma forma, vem sendo capazes de relembrar minha voz e meus sorrisos...e me aquecem. No final das contas é apenas isso que importa. E traiçoeiro do mundo que nos faz esquecer disso. Esquecer o nosso melhor, esquecer aqueles que nos fizeram companhia, esquecer o que nos sequestra e entorpece por alguns minutos nos dias que precisam sair em ordem e darem certo no final. Esquecer é a maior tragédia que pode acontecer. Tem uma cobra preta em cima da minha cama agora. Uma cobra tão preta que brilha. Curiosamente sinto que deveria estar com medo dela, mas impressionada não consigo. Sonhei com ela. Era pra ter sido um pesadelo, um azar, como um gato preto que passa e deixa fumaça...mas, ela é minha. De alguma forma ela nada mais é do que minha agora. Passo a entender que estando na minha cama, é o maior sinal de intim...

Segredos engraçados

Senti falta do que eu era anos atrás Momentos que me transformavam e eu não sentia Paixões que eram vivas Do meu peito voraz! Da fé...perturbada, triste, cheia de palpites... Ah, quando eu escrevia cartas! Senti falta... Dos meus papéis, inúmeros papéis que eram importantes ser guardados nas minhas gavetas, que eram importantes não interpretar que eram importantes e eu assinava sem ler o contrato Sinto que jamais poderei queimar todos numa lata de lixo, nem descobrir suas causas e funções. Sinto... em algum momento, o cabelo apenas pacientemente crescer também foi sagrado, massacrado, intolerante, massificado... A vida e eu tínhamos segredos engraçados, senti falta até como sinto dos pneus murchos da bicicleta que deixei naquela mudança. Quantas mudanças?! Meu deus... Inúmeras mudanças que fiz e fui me deixando em cada uma delas, e me substituindo por outras, por outras e mais outras...até me dar conta que ainda e sempre, todas nós, éramos eu. Hoje eu senti falta do qu...

juntos

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Sinto falta de quando todos nós éramos diferentes mas tínhamos o mesmo objetivo. Ou mesmo quando ainda achávamos que o objetivo de todos era o mesmo. Por que eu estava ali? No começo era uma coisa, depois era outra, no fim era tristeza e percepção da realidade. Quando éramos jovens demais pra saber que o que estávamos fazendo era uma espécie de loucura coletiva, ah... como eu sinto falta daquilo! Quando achávamos que tínhamos tempo pra aquilo, quando organizávamos reuniões, encontros, quando deitávamos naquela grama e pegávamos aquele sol... Meus amigos! Por que mudamos tanto? Por que deixamos pra lá? Por que nos afastamos tanto, mesmo depois que tudo acabou?! Éramos incríveis juntos... Éramos amorosos, divertidos, entusiasmados, bêbados e caminhávamos a pé para qualquer lugar sem reclamar... Éramos vivos, avisados, interessados, e hoje em quadrados, pensamos coisas sombrias e esquecemos como éramos juntos. Tínhamos algo dentro do peito, e  juntos, diferentes, um motivo para co...

o plano

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Ontem que ela foi entender porque chorou no dia seguinte. Depois, só depois de ter que pedir pra ir embora pra casa, foi que ela percebeu que não foi tudo tão natural assim. Não foi tão romântico, não foi tão honesto da sua parte. Só ontem, de repente, depois de vários anos e conhecimentos que obteve com experiências que nunca tinha tido, foi que ela pode entender porque tinha motivos de ter ficado triste aquela época. Era sua passagem, sua travessia, seu capítulo e história. E não há quem responda se foi o mundo que a confundiu toda ou se foram as histórias das outras pessoas que interferiram em várias virgulas e pontos. Havia algo estranho pra ser engolido. Algo estranho na juventude, no amadurecimento das coisas, algo profano e algo altamente sagrado que lutavam pra saber quem era mais forte, mais duro, pra ficar cravado, pra gritar na rua, para abrir as portas do coração. Todas as vezes que essa parte precisa ser contada, algo incomoda... Por que não se sabe dizer que doeu? Do...

De fora

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Entrei numa fantasia perigosa. Eu não sabia como iam ser as coisas. Num primeiro momento eu ainda tinha alguns referenciais de mim. Estava alegre, destemida, parecia que eu estava começando a entrar no eixo do inesperado, do que me surpreende, do que eu nem esperava mais. Mas eu não sabia que esses meses seriam tão intensos assim, não sabia também que eu poderia perder a cabeça, que eu aprenderia a lidar com tantas pessoas, que eu poderia por fim mostrar quem eu era. Eu era! Eu era sim. Mas também, tão ingênua e desprotegida de mim. Quem poderia me defender se não as pessoas que conquistei pelo caminho. De algumas coisas nem sequer me lembro, de outras me martirizo. O que poderia me abalar mais? Minha cabeça, meu deus minha cabeça entrou num frenesi. Mas os amigos que eu encontrava pareciam me conhecer de longas datas, eu me sentia finalmente especial naquele ambiente, ouvida, questionada, inteligente. Eu era liderada da forma que eu sonhava, e muito especial, como eu deveria me sen...

O velho saliente

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T oda vez que passávamos por aquele rua, minha prima dizia "É aqui que ele mora, o velho saliente!", antes que eu olhasse, ela tampava meus olhos e dizia "Nunca olhe pra cá, ele pode ver que você viu!". Era uma casa muito próxima da casa do vovô. Diziam que ele morava sozinho e que tinha mexido na neta de 5 anos. "Mexido como?", eu perguntava sentindo pelo constrangimento da vovó, que era mexido de uma forma ruim. "Mexido Nanda!", minha prima dizia como quem não quisesse que minha vó contasse os detalhes. "Não passe nunca por essa rua sozinha, e se tiver que passar, passe bem longe, do outro lado, na outra calçada", vovó dizia. E então aquela rua passou a ser uma rua sombria para mim.  A noite, eu sonhava que passava por aquela rua e via um velho balançando numa cadeira. Não conseguia ver seu rosto, mas ele já sabia que eu estava olhando para sua casa, e sabia mais... sabia que eu sabia do seu segredo. Então, eu acordava com medo e p...