Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2017

Maria dura no arreio

Imagem
"...e ntre as coisas bem vindas que já recebi eu reconheci minhas cores nela, então eu me vi...  (Nando Reis) " Por onde meu sangue corre, ainda não existe mulher mais forte que Maria. Sempre tão segura, heroína da própria história, peça rara que supera os obstáculos da vida. Minha eterna e graças a deus viva, vovó Maria. Mulher que faz toda a diferença, que não abaixa a cabeça, mulher que trabalha incansavelmente, mulher do fim do mundo! E juro que dez lanças afiadas são levantadas no ar, todas as vezes que escuto teu nome. Maria Batista. Cuidado interminável, comida quentinha, observadora de detalhes, firmeza, vontade... muita vontade de fazer as coisas! Minha vó, mulher de verdade! Que viaja até onde quem esteja, para erguer, aconselhar, escutar o choro. Menina que venceu a roça, menina que não deu certo na escola, porque alguém tinha que cuidar de todas as coisas, menina que quase perdeu o braço, menina que perdeu a mãe e prometeu a mesma  ser mãezinha...

sem saber que eu era semente

Imagem
As coisas vão se encaixando de uma maneira que eu pareço natureza.  E natureza eu caminho, natureza eu falo, natureza eu não choro mais na chuva.  Eu fiquei maluca e agora que seco, brotam flores dos meus dois lados. Acordo com flores por todo meu colchão.  No chão do banheiro elas desabrocham,  no vaso eu despejo pétalas e mais pétalas,  e quando tomo banho fico verde... eu fiquei maluca,  qualquer um podia ver.  Saí, voltei, nada funcionava.  Havia ervas daninhas, muitas ervas daninhas que pela paixão do verão e o barulho daquela outra chuva que veio com a tempestade que parecia que nunca ia acabar, não pude ver.  Não vi, meu deus.  Não vi tudo que estava óbvio, tudo que foi arrancado de mim. Mexeram comigo!  Quebraram meus galhos na calada,  roubaram meus frutos,  subiram em cima de mim,  me desfolhearam...se é que essa palavra existe.  Parecia até que o fogo havia me cerca...

O pé de manga que era o centro da casa.

Imagem
🍃 O jardim daqui de casa esconde histórias, uma delas é a do pé de manga que era o centro da casa. Anos atrás, ele ocupava um grande espaço. Eu menina, já sabia que era ele o dono da casa. Quando eu acordava ia para perto, e conversávamos muito sem abrir a boca. Seu formato por vezes me deixou confusa se ele vigiava ou aterrorizava a casa ao mesmo tempo. A noite eu sabia que fantasmas que não gosta vam de crianças, faziam grandes jantares lá dentro dele. Mas nunca perguntei, apenas evitava olhar. Tinha dias que ele estava calmo, balançando suas folhas como se estivesse me dando bom dia, perguntando como foi na escola, se eu não tinha coragem de pegar uma escada e subir para conversarmos mais perto do céu. Mas eu não tinha força para carregar a escada...Outros dias, tão calado e introspectivo, ele se fechava e queria ser apenas a árvore que os outros achavam que ele fosse. Eu perguntava qual era seu nome quase sempre no final das nossas conversas, mas ele só sorria e muda...

porta de não abrir

ainda tem batidão no meu coração, ainda tem sonho, ainda tem plano, ainda tem contagem regressiva, isso não pode ser amor, mas eu ainda preciso de você. pensar você, imaginar você, me torturar. a memória guarda olhares misteriosos, a alma guarda os flashes, o inconsciente retoma temas, cenas, vontades que nunca puderam acontecer, esclarecendo o que era fantasia e realidade. o que é que fazia parte da realidade que não era minha e nem a tua? estávamos juntos e não estávamos ao mesmo tempo. quando você entrou por aquela sala pela primeira vez, foi do meu lado que você sentou. mas da ultima vez, ficou esquisito, frio, introspectivo, quis morrer. por que não te ajudei a procurar aquele pen drive? você não me disse nada na festa, me fez invisível... eu enchi a cara, dessa vez eu não estava mais feliz, no seu aniversário na boate, eu estava. eu estava de verdade. e queria você, falar seu nome, olhar nos seus olhos, beijar seu pescoço... dessa vez é o seu tempo, inerte... meu coração não pod...