Amanhã, quem sabe... pode ser meu dia.

C ortei minha língua bem da raiz, não foi da ponta e nem do meio. Peguei a tesoura na segunda gaveta e cortei. Da raiz. Sangrou tanto, mais tanto... que nessa sala, eu só enxergo vermelho. Tem horas que eu acho que eu morri. Sinto gosto e cheiro de sangue. Estou angustiada, consigo entender tudo. De alguma forma eu ainda sobrevivo. Entalada e de maneira ruim, mas sobrevivo. Antes que infeccione, ou que eu caia dura no chão, não quero que ninguém se impressione comigo. Só quero que sirvam minha língua há duas mulheres que tem algo em comum. Ambas, mães solteiras e de belezas diferentes, e que por algum motivo pessoal, juntas, me passaram uma bela de uma rasteira. Com a minha ajuda, para variar. Uma delas é a loira, há quem tive coragem de ser eu mesma sem mal conhecer. Achava ela elegante, simpática, e foi com toda classe que ela ardilosamente me expôs, e entregou os fósforos para a morena. Só mesmo eu cortando ...