Beijos vermelhos carregados pelas brisas.
O grande político iria dar um parecer, eu era uma atriz. As pessoas que eu conheço não sei se eram quem são, não sei se eram inclusive quem são hoje. Precisamos mostrar toda a dor desse astral, precisamos sofrer como se fosse vida real... E agonizar a platéia, certo? Um perguntava, e eu balançava a cabeça com a companhia num sim. Éramos um bando de malucos, quase parnasianos, não sei como sobrevivíamos, não sei como sobrevoávamos, sei que nossos jantares eram de pura poesia e nosso entardecer maresia. Não tínhamos família, não éramos ciganos, não tínhamos mais terra natal, lavávamos sapatilhas, tínhamos cuidado com a maquiagem, carregávamos apenas o útil e me lembro bem de muitos beijos cênicos, muita tinta azul, muitos beijos vermelhos carregados pelas brisas. Éramos um bando de soldados da arte sem general, compartilhávamos de uma harmonia a qual não sofríamos nunca por amor e éramos extremamente românticos. Por algum motivo eu me retirava do ensaio, era r...