O desfile na cozinha, daquelas garotas oferecidas.

"Dá licença. Eu to conversando." Parecia estar sempre se jogando. Conversava tardes inteiras com eles, e quando os via ficava triscando, insinuando, triscando, querendo dizer aquilo, brincando, escondendo, triscando, como um teste, como uma manhosa. Depois eu me mudei. Talvez você iria se mudar também, e eu poderia te dizer coisas que eu já havia vivido, mas eu incrivelmente não me sentia a vontade pra compartilhar sobre esse ritmo, nem dizer o que viria depois. Você também haveria de ter vividos coisas que me ajudariam a sair do casulo, mas eu não perguntava. Algumas vezes, eu me lembrava do desfile na cozinha, um que você fez. O desfile na minha lembrança não era de muros enormes, dos caminhos que seguimos construídos por nossas diferenças e puberdade cruel e confusa. Eram engraçados de serem lembrados. Longe de casa, parecia as vezes sentir minha falta pela internet, mas toda vez que eu chegava de viagem, você nem me abraçava. Éramos duas desconhecidas....