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segunda-feira, 2 de abril de 2018

mais do que eu


Estou aqui o tempo inteiro, mas algumas vezes não nego que estou dando escapadas e voltando pra saber onde foi que eu decidi que seria obscuro. Que caminhei ao lado do medo e não da coragem. E tentando entender porque poderia ser tão insuportável o que realmente podia ver. Quando não estou aqui e também não estou escapando e voltando, estou na minha frente. Me alertando que não deveria estar tão preocupada com tudo isso e apenas viver a descoberta que traz um tempo que não desabrochou, um tempo que se calou e se amarrou em cordas grossas para não conviver com a essência. Daqui, voltando um pouco, agora eu vejo tantas pistas dada pela vida, tantas pessoas cruzadas pelas histórias, tantas cenas que se abriram e fecharam sem que eu conseguisse abrir as portas, e meu caminho seguindo quase chegando na minha verdade, mas parando no meio pra observar flores e pedras que já conhecia perfeitamente. Não sei, mas tem uma coisa dentro de mim.  Estava lá por tantos anos de um jeito que eu não sou capaz de entender direito, estava lá me fazendo saber que eu podia ser diferente. Uma faca de dois gumes, que corta facilitando as coisas mas também maltrata e se mal administrada só alcança o medo de tudo, o medo de todos, o medo de mim e medo dos outros. Onde foi exatamente que eu decidi que seguiria cega? Onde foi que eu decidi que não seria corajosa? Que não seria eu? Talvez eu não estava preparada... Mas e se nascemos preparadas, e só em alguns contextos precisamos nos proteger? E se não conhecemos nossa próprias armas como achamos que conhecemos? Nessa altura do campeonato, eu sinto que poucos parecem acreditar em mim. A consequência de um segredo que nem meu podia ser direito, me transforma na confusão que eu não estava disposta ainda a ser, agora todos veem a confusão. É conjunta, social, familiar, mas dessa vez pelo menos eu estando assim, sou menos confusa. Não sei ser certa da cabeça. Eu sei que não deveria estar tão preocupada com um tempo que não volta mais, mas estou. Me anulei por motivos que desconheço. Isso as vezes faz pensar se nesses vinte e tantos anos fiz apenas castelos de areias para um vento facilmente poder carregar. Fico criança outra vez. Nada sei. Nada posso saber. Tudo passa a ser novo, porque eu evitei. Como se pode viver tantos anos com um dos cenários apagado? Sem energia? Sem as paredes pintadas? Sem móveis? Sem vida de verdade... Quem sabe não foi por isso que fiquei dormindo em tantos e outros aspectos da vida... dormindo não, anestesiada. Existe desabrochar sem consequências? Quantos sorrisos eu perdi? Entre os verdadeiros amores que deixei de conhecer, por nem saber como eu realmente podia tanto amar? Há muitas chaves nas minhas gavetas agora e com apenas duas mãos e um dia de 24h não conseguirei abrir tudo de uma vez. São muitas gavetas realmente. Deixei acumular. Espero do fundo do meu coração que eu o siga dessa vez. Seria estranho chegar até aqui e interromper com mistério. As vezes me pergunto aonde quero ou vou chegar se agora sou mais do que eu estava acostumada. Quantas máscaras cabem nas minhas caixas? Apesar de muita coisa fazer sentido e estar se encaixando num quebra cabeça fictício, eu não sei mais nas escapadas o que pode ter sido verdade. Mas lá frente eu me digo e reafirmo que não é com isso que devo me preocupar mais. Não é com isso que devo lidar mais. Não é realmente isso que importa. Então eu sigo... pelo desconhecido, ainda com um pouco de medo, e se tudo for ilusão? E se ainda vivo em segredos que não são meus? Mas prossigo...Há uma força que me puxa desde o começo. Sou mais do que eu. 


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