Páginas

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Até as nuvens cinzas queriam me ver chorando nesse fim de tarde.
Lembro e relembro de coisas tão desnecessárias...
Lutei a manhã inteira contra paranóias que eu sabia que eram paranóias.
A tarde, me pergunto por que escuto uma voz na minha cabeça.
Pra onde estou indo meu deus?
Por que ainda estou indo?
De repente eu toco na minha cabeça...
Sangue nos meus dedos
Um vermelho bonito que queria me ver sorrindo
Tal qual aquele dos meus dedos quando arrebentei o queixo na bicicleta sem freio
Já tive coragens inimagináveis, bicicleta sem freio é demais...
Então, vermelho. Como naquelas noites que eu usava minhas unhas dessa cor, vermelho sangue! Noites em que meu cabelo fedia minhas cervejas e cigarros dos outros... enfim minha cabeça e um buraco. Esperam.
Capaz que eu nem seja eu...
e se eu estiver ali no tapete azul de pêlos, estirada... no tapete que eu dividi em 2x e comprei daquele vendedor da fala meio nordestina. Sempre compro alguma coisa 1x a cada dois meses desse senhor, só porque ele consegue me distrair da rotina e contar aquelas histórias da sua terra, da qualidade dos seus produtos e nunca! Nunca se cansa de tentar me impressionar até arrancar meu 'vou comprar' dos lábios.
Mal sabe ele que ele vende pra sobreviver mas eu só compro me imaginando morta
Meu corpo tá ali no meu tapete azul de pelugem parcelado e agora manchado de sangue
Pobre morte...morte pobre
E eles gritando -Por quê! -Por quê!
Mais tarde no laudo vão até saber que meus dedos tem resquícios de buceta...
Imagina que audácia...
Foi meu último orgasmo
Nesse eu nem xinguei
Foi puro e...
santo.
Mas eu fui burra meu deus! Esqueci a porta do meu quarto trancada...
É engraçado como podiam me ver morta, mas não daquele outro jeito
Antes de tudo,  fiz o desserviço de ir no chaveiro e mandei arrumar a maldita porta, puuuuutz...
eu dou trabalho até depois de morta...


Nenhum comentário: