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sexta-feira, 21 de outubro de 2016

a verdade engoliu meu nome

Não sou mais o que eu era. Tudo mudou. Há uma nova fase da qual eu não sei absolutamente nada a meu respeito. Sinto de perto os meus defeitos, e não sei sequer sentir os mesmos enjoos. Roubaram meu tesão foi cedo. Cedinho. Não sei onde ele está, nem se volta. Por aqui tudo dorme. E por ser outra, não sei também qual remédio devo usar,  nem se estou doente, nem se foi de repente, e o pior! Não sei nem mais se sou eterna... E eu era eterna até pouco tempo atrás, tenho certeza. Meu coração é quem sente. Me avisa de tudo, toda hora. Toda hora é hora de angústia e de procura. Quando eu quero adormecer, tudo está aceso e urgentemente querendo acordar. E quando estou acordada, eu me pergunto de que lado eu estou, e se não faço parte de uma grande ilusão. Ilusão da qual me é conveniente e sabe o preço da minha alma. Cada centavo dela. O caminho nunca será me entorpecer... e eu lá sabia se eu tinha preço! Eu me iludi de várias formas, é por isso que eu ainda estou viva... só por isso que eu ainda não cheguei nem perto de ser completamente ferida. Eu to de aço. É como se o que eu tivesse que fazer estivesse bem na minha frente, mas eu ainda não enxergasse de que cores... Mas, caindo na real... de que cor é a verdade mesmo? Namoro insistentemente a paranoia de hora em hora. Pedem pela verdade... buscar a verdade, buscar a verdade, buscar a verdade... agora ela me consome, me abraça no jantar, sumiu com minhas vestimentas e engoliu meu nome. Eu tinha algumas coisas preferidas, não sei mais quais são. Tudo deserto e metade do meu tempo não é meu. Eu vivo dentro de uma gaveta. O que eu estou deixando fazerem comigo, sou eu mesma que deixo? Pra onde eu posso ir? Estão me levando pra algum lugar... eu sei que estão. Há um cansaço, mil desejos e uma euforia de lascar... eu não sei, e me canso de procurar... o que é que ainda me pertence se não essa enorme confusão. Talvez isso seja eu agora. Uma hora, tudo isso que mudou parece partida, depois parece começo. Vai saber... parece que eu estou é fugindo. Eu quero correr, não deveria. Eu quero atravessar as pontes, não consigo pisar pra fora da terra. Quero gritar meu nome, quero que me escutem e não sei mais qual é o meu nome. Tudo é tão quadrado e obsoleto. Meu lugar não é aqui pra sempre, mas é como se eu ainda também não quisesse estar pronta. Eu fiquei, no final eu fiquei. Não é pra sempre, alguma coisa sempre me alegra com isso. Mas o tempo passa lentamente. E eu tenho medo que isso seja tortura, tortura que eu não aguente. Preciso descobrir meu nome. 



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